segunda-feira, 10 de setembro de 2007

desvario/devaneio.

como é difícil estar aqui. e agora.
e entono um monólogo sôfrego.
e me tomo sem ar, sem vez, sem voz.
e mergulho no que não quero.
e tudo ao redor vai sem mim.
e retorna sem que eu veja.
amorteço sobre a minha existência.
pele sem sensor.
pensamento sem nexo.
eu vou sem.
de querer ser com.
de me jogar pela janela.
sem saber que ela não abre.
e estilhaçar o vidro.
para contemplar cristais caindo.
e ver luzes sobre meu corpo.
que acontecem sem o contato da minha presença.
e me ter esquizofrência. trôpega. e louca.
e cair... sem fim.
e eu estou tentando gostar da minha vida insuportável.
ausência de mim mesma. não estou aqui.
não estou.
aqui.
não.

senti.me(i)nto

e tem esse autor que descobri faz algum tempo, mas nunca havia parado para sentir suas palavras. hoje parei. e senti. e senti...

frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. para que o protejam, para que sintam falta. tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. bali, madagascar, sumatra. escreverá: penso em você. deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar... (verdade interior - caio fernando abreu)