terça-feira, 14 de outubro de 2008

catarse II


dor falha como em intervalos distantes remorsos resquícios reticentes
a loucura das pessoas em transe nas ruas inerte o corpo que vai
não sei não sonho controle desperto passado presente passado rasgado presente fulgura carne viva latejante que pulsa
madura.


humanidade decadente dorme em sono em pé o humano descalço decente
cinderela rainha dos mortos vivos que esperam esperam
decerto guardião noturno sonâmbulo barulhos ruídos insones olhares furtivos julgamentos escuros fiéis na inocência mentida dos rostos
sem nomes.


fé espreita suspeita alívio da existência engodo engano infame a pureza
dos olhos nublados dos cegos que vêem e clamam e clamam a justiça

a justiça sem direito o defeito impregna a mente da noite o cheiro o vício o ópio
do ódio inteiro em partes junções do coração que bate
dormente.

(...)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

unívocos.


sinto-me tão enfastiada de realidades que me abrigo em letras.

e me realizo em realidades outras.

que não possuem meu nome.

palavras estranhas em que busco sinônimos.

sôfrega e ambígua. mas repleta.

regojizo em frêmitos de inspiração.



by anne at 10:45 p.m.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

o dia em que traí clarice. (ou sobre quando conheci hilda.)


eu já havia lido o nome dela em alguns lugares. e eu reticente, fiel, só pensava em clarice.
não me falem de outra! não me mostrem, eu não vou ver. ela é a única.
poderia dizer que ‘a carne é fraca’. em se tratando deste assunto, realmente é.
caio já me prevenira “um olho no divino, um outro em astaroth. ninguém sairá ileso. como não se sai, afinal, da própria vida.” eu dei ouvidos? talvez por um tempo.
assim aconteceu, sempre sou seduzida. palavras são o meu ponto fraco... e foi assim que traí clarice.
clarice deitada em meu colo. seus olhos perscrutavam minha indecisão. eu a olhava também, mas meus olhos não souberam ser tão verdadeiros, nem tão inocentes, havia quase maldade neles.
acarinhei seus desejos, suas carências pensando: “eu vou traí-la. desculpe-me.”.
ela simplesmente sorriu como se já antevisse os fatos. ah!...clarice. sempre sabe...
sua expressão serena a princípio desconcertou-me. mas vi o que ela mudamente dizia: “você precisa. vá!”.
e assim me lancei nos braços daquela outra. clarice sabia. eram parecidas. a mesma dor as consumia, mas jorravam de maneira diferente.
hilda era envolvente, sensual. hilda desbocada, intrépida, fervorosa. quase em ebulição. me lembrou um certo nelson de outras viagens. sua obscenidade me tomou. ela escreveu em letras garrafais em minha testa: "...e o que foi a vida? uma aventura obscena, de tão lúcida". marcou meu corpo com seus dentes, ela, a senhora obscena d.
e em sussurros bulinou em meus ouvidos: “que canto há de cantar o indefinível? o toque sem tocar, o olhar sem ver. a alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis. como te amar, sem nunca merecer?
lembrei-me de clarice, a minha clarice, mórbida, melancólica, profunda, escura. percebi que era seu jeito de amar a vida.
o quase gozo que hilda me proporcionava se tornou ínfimo diante do prazer de estar com clarice. o mesmo escuro de que sou feita, é o que me dá clarice. é o que me alimenta. mas hoje carrego pedaços de hilda comigo, hoje sou escura e obscena e sei que clarice entende. essa obscenidade que carrego comigo, hoje completa, não só a mim. mas também a ela... clarice.
e somos perfeitas agora, juntas.
e quando voltei, ela sabia que algo havia mudado, olhou-me diretamente nos olhos, ainda envergonhados pela traição, e segredou: "tão secreta é a verdadeira vida, que nem
a mim, que morro dela, me pode ser confiada a
senha, morro sem saber de quê.
e o segredo é tal que, somente se a missão
chegar a se cumprir é que, por um relance,
percebo que nasci incumbida
- toda vida é uma missão secreta."



agradecimentos à hilda hilst, caio fernando abreu e principalmente à clarice. minha doce clarice.

by anne. 7:46 pm.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

what do you search...


olhando para o final de tarde em tons cinza desbotados, você percebe como adora as intensidades da vida. por mais que o céu indefinido tenha um charme quase blasé, você sente que prefere os amarelos ofuscantes de uma tarde de sol a pino, ou a braveza e agressividade de uma tempestade torrencial.
cinzas são feitos do silêncio incômodo, usurpador, mexem lá no íntimo. e contraditoriamente, são castos, de uma pureza enfadonha. cheios de olhares vazios e suscetibilidade controlada.
extremos são instigantes. possuem um barulho incomum, como se fossem algo a irromper no próximo minuto, explosivo.
os estalos do amarelo-fogo queimam as calçadas por onde você passa, deixam vivos os passos que repetidamente sua sombra faz, te seguindo indefinidamente. sombra é companhia.
e o que dizer das tempestades? essas sim, estrondosamente rasgam vida. a pulsação do mundo, estremece. te fazem despencar no inacreditável.
e quando o cinza chega, remete a um pesadelo, você espera ansiosamente para que a noite caia, e o escuro manto... te traga vida.
às vezes me rendo ao cinza, como sei que você também, também eu o sei.
se render ao cinza é enxergar a vida crua. intimamente crua. entrar no proibido segredo, a inviolável e tênue linha.
o silêncio incômodo dos cinzas desbotados é a nossa procura pelos sentidos, pela pureza, pela intimidade...
.... pela vida.
eu também o sei.

o que você vê depende, invariavelmente, do que você procura.
by anne. 5:57pm.

domingo, 1 de junho de 2008

para ler ao som de 'mariana foi pro mar'.

''é que por enquanto a metamorfose de mim em mim mesma não faz sentido. é uma metamorfose em que eu perco tudo o que tinha, e o que sou. e agora o que sou? sou: estar de pé diante de um susto. sou: o que vi. não entendo e tenho medo de entender, o material do mundo me assusta, com seus planetas e baratas”. [clarice lispector]
tinha a impressão que vivia num quartinho dos fundos, cheio de baratas.
é isso, ela vivia num canto de baratas.
no copo uma bebida qualquer, o amortecimento da alma.
no rosto, uma máscara qualquer, o aniquilamento do ser.
no corpo, a intranqüilidade constante.
e tinha essa mania exagerada de sugar pessoas. de querer extrair até a última gota de mentiras, vícios e imperfeições. mas nunca se satisfazia. queria sempre mais... até ver que as pessoas secavam. e secas iam embora. no chão forrado por cigarros e pensamentos gastos, ela reinventava um modo de ser, um que estivesse vazio de qualquer resquício de si mesma. para poder se encher de outros, de outras.
conversas inúteis, mas que revestiam-se de interessantes panos coloridos eram um bom começo para que ela pudesse seduzir e deitar os dentes num pescoço macio. era isso que sabia fazer. passava os dias e as noites, esvaziando-se e enchendo-se.
certa noite alguém lhe trouxe um espelho. ela que nunca havia visto um espelho e então não sabia o que era um espelho, ficou observando a pessoa que também a observava e que por algum motivo obscuro havia sido presa naquele quadrado estranho. sentiu a boca aguar com as possibilidades de encher-se.
como em um ritual profundamente sagrado, começou a sugar-lhe. sabia não ser necessário qualquer engodo, desperdício de tempo, não. a outra estava ali. oferecendo-se, implorando. no início sentiu um formigamento, uma comichão que principiava na ponta dos pés e aos poucos ia se espalhando pelo corpo. um terror tomou conta de si. quanto mais sugava, mais vazia ficava. e pôde ver toda a escuridão existente naquela pessoa à sua frente. um buraco negro infinitamente denso. não sabia agora, não mais, se sugava ou era sugada. uma batalha feroz. todas as mentiras, vícios e imperfeições que já tinha visto até então, em nada se comparava com o que levava aquela estranha. as baratas, com suas patas zunindo, juntaram-se ao seu redor e assistiam famintas à cena que se desenrolava. e nessa guerra, ela se percebeu pela primeira vez. e secou. assim como havia secado tantos outros, ela secou. era agora só um espectro humano. e já não havia como encher-se novamente. ela havia sugado até a última gota de si. sentiu as baratas aproximando-se, os olhos reluzindo, as antenas tranformando-se em garras. acendeu o último cigarro, sorveu o último gole daquela bebida qualquer e viu que ao seu lado jazia a máscara, partida ao meio. o corpo se tranqüilizou. e restaram somente as baratas. reinavam no quartinho dos fundos, o canto que era delas.

“ e no princípio de tudo ele disse: perante as baratas, não reinarás.”

tornar-se.


eu sou cada pedaço infernal de mim...
...a impressão é que estou por nascer e não consigo.
[clarice lispector]

sábado, 17 de maio de 2008

descobertas ou sobre quando o mundo acontece lá fora.


sou-me única medida de mim mesmo.
e, enquanto caminho, pressinto no gosto – no
tato
a verdade de um corpo
e a verdade de um verbo
conciliadas no grito
e volto a me visitar de pés descalços
chafurdando o barro do caminho
já tornado barro do corpo desfeito.

não há mais pressa, os anos
não me dizem o que sou. é sempre no agora o
meu combate.

só se visita o espelho de pés descalços. do contrário
o chão, infecundo, seduz menos que a miragem.

farei disso uma confissão.
não há lembrança que não seja torta, não
há voz que não se queira ouvida.
há um corpo, quase me
esqueço. um corpo que se quer tênue.
sempre que falo, falo do que sou
não porque seja, mas sim por que fale.

todo passo, todo passo é irretraçável. porque,
como tudo mais, ele habita o instante.

percebia pela primeira vez que não poderia
dizer tudo. e às vezes achava que se abrisse a boca
bem aberta, se falasse bem alto, qualquer palavra
que eu dissesse valeria por todas.
do tempo. nada me diz. nada me comunica mais.
nada me comunica mais da singeleza do tempo.

da espera, da espera. / da ânsia/ da força, do retorno/
do instante, de tudo o que é instantâneo.
do erro/ da voz, do grito/ da
palavra.//
rude ou cansada, do cansaço/
do caminho e da colheita. da cidade. das coisas do
corpo/ do corpo.
do corpo.
cada rua que passa deixa um rastro em meu
sorriso
— adiante.
mais um som, mais uma luz,
que venha outra voz
talvez outro corpo
— adiante.

trechos de: corpo tênue - maurício chamarelli gutierrez
foto: misha gordin

sexta-feira, 11 de abril de 2008



adoro orquídeas.

já nascem artificiais.

já nascem arte.

[água viva - clarice lispetor]

quarta-feira, 2 de abril de 2008

eu falo em poesia.

quem me dera ser palhaço.
a minha cara eu pintaria.
um palhaço, que só diverte.
e rindo, a verdade eu diria.
mas eu não sei divertir.
ninguém ri das minhas piadas,
e eu não sei o que dizer.
e de mim ninguém riria.
e se para ser palhaço eu não serviria.
não eu.
o que eu faria?
seria eu um artista que falaria no abstrato?
cores e formas eu usaria?
não. eu não sei pintar.
e a arte eu não tocaria.
um músico que amaria com notas?
e cantos eu entoaria?
ah! ninguém ouviria.
e das notas mais bonitas
eu destoaria.
falar simplesmente?
mais fácil seria
eu, que nem sei o que dizer...
pois se digo, do jeito que sei.
eu sei, eu erraria.

então eu calo?
minha boca eu fecharia?
...
...
...


não.
eu falo em poesia.

quinta-feira, 6 de março de 2008

era uma vez. (sobre o tempo.)


era uma vez...
todas as rimas que ficam presas na garganta.
sem terem por onde sair.
e todas as palavras sujas sem serem ditas, pra onde vão?
remoídas mil vezes na mesma sincronia.
mastigadas e engolidas. e comidas novamente.
palavras que se perderam com o tempo, esse algoz.
palavras de sentimentos sentidos e nunca pronunciados.
ficaram pra trás.
e assim “era uma vez” começa a ter nexo.
porque era uma vez, é o que já aconteceu.
não será novamente.
e a garganta é chicoteada, por aquilo que não se atreveu.
um conto de fadas.
que ficou ali, esperando pra ser contado.
e não terá outra chance.
um sentimento despedaçado pela covardia.
uma história esmagada pelo não ser.
e das expectativas... só o que resta...
o “era uma vez”, sem final feliz.



o tempo não poupa. nada. ninguém.


by anne 11:32 pm.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

a casa.



a casa estava arrumada. do jeito que ele gostava. havia passado a tarde dedicando-se a tirar o pó impregnado dos móveis, limpando os porta-retratos, esfregando o chão de suas imundícies até sentir que as mãos estavam trêmulas e não obedeciam mais. tomou cuidado para que cada canto, cada entrada e cada saída ficasse impecável. a casa não era grande, mas depois de todo lixo expulso, parecia maior. e agora, quase imaculada não fosse a presença dela, a casa era só solidão. porque até a sua presença estava cheia de solidão. e ela esperava torcendo as mãos, observando as luzes da rua, a chegada dele. sabia que seria intempestiva, por isso arrumava a casa, uma, duas, três vezes, para que ele pudesse despejar sua bagunça. era assim sempre. a casa pronta, as três batidas, ela saltava do sofá e abria a porta. tudo se modificava. a casa branca enchia-se novamente. as cores trazidas por ele riscavam o chão, a mesa, a janela, o quadro, o teto, a cama, o tapete persa, os lençóis. quase cegando-a. já na porta, os pedaços de seu desarrumado começavam a ficar pelo chão. ela apenas dava passagem para ele pudesse entrar e observava a poeira deitando novamente sobre os móveis. era como um vento.
as folhas de papel cuidadosamente empilhadas na escrivaninha saltavam e eram levadas para fora da janela. um a um os porta-retratos estilhaçavam-se no chão. não era mais só uma casa, era um emaranhado de palavras, sons, luzes e visões desconexas. e ele agigantava-se vertiginosamente aos olhos dela.
ouvia o som dos vidros serem quebrados longinquamente, de lençóis sendo rasgados e sentia o cheiro da lama misturado ao cheiro das rosas esmigalhadas. havia uma brusquidão nos gestos, que a cada movimento acertavam-lhe um soco no estômago, mesmo sem tocá-la. ele nunca a tocava. ao mesmo tempo, havia uma certa suavidade na voz, como que parecida com uma carícia sutil. os olhos dele sugavam-na, chamando a misturar-se a ele, a compartilhar da desordem das coisas. aquela desordem que parecia imiscuir-se nele. por um segundo, apenas e somente por um segundo, que ficava suspenso no ar, ela deixava-se mergulhar, e neste segundo podia ver caleidoscópios rodopiando no ar, portas que se abriam estrondosamente, vozes misturadas, e mãos de mil cores tocando-a. então ela se dava conta de que ele era feito disso, ele era isso. a desordem das coisas, as mil cores, as mil vozes, as mil portas. e o aceitava, como quem aceita uma criança em seu ventre. _eu te aceito. te aceito. – as únicas palavras no meio daquela noite, ditas sem deixar escorrer um único som. agora ele estava dentro dela, correndo por suas veias, atravessando suas conexões nervosas e remexendo suas entranhas, pulsante, pulsante.
ela era a casa. a casa que ele desarrumava. deixando em cada pedaço de espaço, o pó viscoso de sua imensidão. e dentro dela ele se arrumava e reconstruía cada parte sua.
abandonava ali, a lama e a brusquidão, para se tornar suave, quase harmonioso outra vez.
ela ouvia então um grito quase mudo, que se esforçava para sair da garganta de alguma coisa, e como num parto, ela o expulsava de si, como num parto que faz nascer, brotar, jorrar,
ele nascia novamente, limpo, puro de todas as durezas, pecados e da loucura suja
– nem toda loucura é suja, assim como nem todo mal é ruim –
para sair pela porta e deixá-la novamente sentada no sofá, as mãos se torcendo e os olhos espiando as luzes da rua. ele havia partido, estava sozinha. ela e casa, que já não era mais ela. as cores apagadas e o silêncio. a casa que ela tinha que arrumar. pois sabia que ele viria novamente no outro dia.
by anne. 19/02/08 3:40 pm.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

quem tem medo de Friedrich Wilhelm Nietzsche?


ewige wiederkunft - o eterno retorno.

E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela? (nietzsche - gaia ciência)


continua...

sábado, 12 de janeiro de 2008


a vida com seus defeitos, cinzas, brancos, estagnações, paradas, frios, silêncios, amenidades. a vida que pode não acelerar o peito e deixar tudo com estrelinhas de purpurina. mas que é incrível por ser real. a vida que não se escreve mas se vive, mesmo que isso, muitas vezes, seja ainda mais difícil que qualquer regra gramatical ou construção literária. (tati bernardi –o não texto).

a música é um troço esquisito. difícil ver. pior é sentir. fala de umas coisas tão bobas. faz doer o que deveria ser bom. e faz fácil o que seria impossível. não entendo mais as letras... os sons é que tocam. e a gente tenta metamorfosear cheiros, olhares, toques e gostos. tenta transformar em algo plausível, racional. não... quero uma clave de sol em mim. um dia a gente entende.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

j.c.c.




há coisas que apenas por tentativas acontecem.


tentativas de me ser, sendo.
revendo velhos conceitos
abandonando certos mitos

eu te aceito e me aceito.

e assim te quero.
assim eu sinto.

e me sinto.

sorriso brota involuntário.
nos olhos a mensagem:
penso em você.



feliz 2008.



sim, existir é incompreensível e excitante. (caio fernando abreu)